Ai meu Deus que dó de vê,
Aqueles gado tudo bunito um dia
Agora seu distino é morrer
Não tem reza, dança, ou simpatia
Que faiz uma chuva cair,
Então nóis fica por aí
Fazendo o que dá
Mais num vai ter solução
Pruquê a seca aqui do sertão
Num vai tão cedo acabá...
As planta que já foi verde,
Hoje tá morta ou numa secura
Os bicho tão pra morrer de sede
E se eles adoece não tem cura...
Num existe mais pastage
E é assim que nóis reage
Tem que só vê o que acuntece
Sem muito o que fazê
Mais é triste vê eles sofrê
Os animal fica com fome e sede desde que o dia amanhece!
O chão é duro e quente,
E num nasce nadinha
Que é plantado por nossa gente
Então nóis veve nossa vidinha,
Mas falta água bem tratada
E se tem num dá pra nada
Num tem mal pra bebê
Imagina pras necessidade
É a mais pura verdade
A gente num sabe o que vai fazê!
É difícil pra trabaiar,
Nesse calorão o dia todo
Debaxo de um mormaço ter de ficar,
Pode ser trabaiando na roça ou com o rodo
É compricado aguentá o calor do só,
Toda hora tem que limpá o suó,
E é muito ruim chegá em casa quemado
Depois de trabaio e mais trabaio o dia intero
E nem ter água num chuvero
Pruquê a água já tinha acabado...
Essa seca num passa de jeito nenhum
Os riacho evaporô
E recramando, num é só um
Jesuis, manda chuva por favô!
é 12 mês de estiage
Chega dá vontade de comprar uma passage
Pra ir pra longe...
Pra vê se a situação miora,
Mas é que a seca tá em todo canto, embora
Se subé onde tem água me diga na onde...
Agricultura num existe nessas redondeza,
Pecuária muito menos
A condição tá uma tristeza
Mas o jeito é ir viveno
Com pobreza e com pouca renda
Repara e nos entenda
Já tentamo abrir poço artesiano
Só que tá difíço,
Então pode guardá os fogos de artifiço
Pruquê num tá adiantano!
É muita sede e pouca água
A coisa tá é feia
Num tem como num ficar sem mágoa,
Só tem água volta e meia
Quando aparece um caminhão pipa
Na Bahia, Ceará, Sergipe ou na Paraíba
Oia pro céu, e num tem uma nuvi escura
Muito ruim é essa seca desgraçada,
No sertão é assim desde 1900 da carne assada
Num brinca que a situação aqui é dura!
Pois então já sabe agora
Das lamúria do povo do nordeste,
Das criancinha, dos sinhô, das sinhora,
Das muié e dos cabra da peste
Vê que nóis tudo padece
É assim mermo que acuntece
Num tem água nenhuma, só tem calor
Mais nóis tem esperança
E mantém a cunfiança,
Que Jesuis manda uma chuvarada pra esse povo sofredô!
Ana Claudia Brito
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